Fortaleza figura como segunda capital com maior número de ataques on-line à imprensa

Fortaleza é a segunda capital que mais registrou ataques a jornalistas e a veículos de mídia no ambiente digital nas eleições municipais desse ano. O dado é do sétimo relatório do Monitoramento de ataques on-line contra a imprensa nas Eleições de 2024, projeto realizado pela Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), da qual a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) faz parte. O projeto é uma parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados da Universidade Federal do Espírito Santo (Labic/UFES) e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio).

A CDJor monitora, desde o dia 15 de agosto, contas de jornalistas, meios de comunicação e de candidatos/as em todas as capitais do Brasil, nas plataformas de redes sociais X, Instagram e TikTok. O relatório que coloca Fortaleza entre as cidades com mais ataques cobre o período de 7 a 13 de outubro. Com 53 ataques, a capital cearense perde apenas para São Paulo, que registrou 259 ataques.

Pelo menos dois veículos jornalísticos locais aparecem no monitoramento, como principais alvos de ataques. Os cinco meios mais visados no Instagram e no TikTok foram: Conexão Política (@conexaopolíticabrasil) com 133; Rede Bandeirantes com 103; O Povo Online (@opovoonline) com 34;  Rede Globo com 34 menções;  e Diário do Nordeste (@diariodonordeste) com 19.

 

Para a presidenta da FENAJ, a cearense Samira de Castro, o crescimento dos ataques em Fortaleza está diretamente ligado ao segundo turno das eleições na cidade, que envolve duas candidaturas, sendo uma de extrema direita. “Já sabemos que a polarização política afeta o trabalho da imprensa, sobretudo quando um dos lados tem como tática tentar descredibilizar o trabalho dos jornalistas com discursos estigmatizantes, alimentando a hostilidade de seguidores/eleitores”, pontua.

A dirigente lembra que, durante os quatro anos de seu governo, o ex-presidente de Jair Bolsonaro foi o principal agressor de jornalistas no Brasil. “Essa tem sido uma forma de atuação da extrema direita mundial: atacar as instituições, iniciando pela imprensa. E os candidatos de seu partido nessas eleições reforçam esse discurso. Tanto que os seguidores do candidato bolsonarista estão entre os que mais atacaram os veículos jornalísticos locais no X e no Instagram”.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), Rafael Mesquita, faz uma recomendação: “Se um jornalista for atacado nas redes com ameaça de morte, invasão de contas e vazamento de dados pessoais, entre em contato conosco para que possamos encaminhar as denúncias ao Ministério Público Estadual”.

Sobre o Monitoramento e a CDJor

O monitoramento registra postagens com termos e hashtags ofensivas e estigmatizantes contra o trabalho da imprensa no âmbito da cobertura eleitoral. Episódios de ataques e violações ao trabalho da imprensa fora das redes também estão sendo acompanhados. A análise dos principais resultados do levantamento será publicada toda semana, até a realização do segundo turno. Ao final das eleições, um relatório consolidará a avaliação do período monitorado e trará recomendações às autoridades e plataformas digitais.

Integram a Coalizão em Defesa do Jornalismo: Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Artigo 19, CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), FENAJ (Federação Nacional de Jornalistas), Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Tornavoz, Intervozes, Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) e RSF (Repórteres Sem Fronteiras).

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